RADIOTERAPIA EM CONDILOMA ACUMINADO RECIDIVANTE, RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA

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Apresentação do Caso Relatamos o caso do paciente P.R.S, de 60 anos, pardo, do sexo masculino, portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV) em tratamento adequado. Ele havia estado em acompanhamento ambulatorial por condiloma anal e perianal havia 20 anos, com relato de falha de tratamento após aplicação de ácido tricloroacético. Com a evolução da doença, que então atingia todo o canal anal e a região perianal, foi realizada a exérese total das lesões. A biópsia demonstrou carcinoma in situ, e indicou-se tratamento cirúrgico. Apesar do tratamento, após um ano de acompanhamento pós-operatório, foi evidenciada nova recidiva do condiloma, e realizou-se eletrocauterização das lesões. Passados dois anos de acompanhamento das lesões após a eletrocauterização, observou-se nova recidiva do condiloma, e foram realizadas novas biópsias, que evidenciaram, além do condiloma, neoplasia intraepitelial de alto grau e áreas com atipias de alto grau. Devido ao aumento da extensão da recidiva, ao agravamento dos exames histopatológicos e à necessidade de preservar a função esfincteriana, optou-se pelo tratamento com radioterapia. Foram realizadas 27 sessões (de 5.400 cGy divididos em frações de 200 cGy), além de avaliação proctológica a cada 2 meses e biópsias de controle ao final de 24 meses. Ao término do tratamento, foi evidenciada remissão total das lesões condilomatosas, sendo demonstrada apenas fibrose ao exame histopatológico.

Discussão O condiloma acuminado é uma afecção frequente na prática clínica em Coloproctologia. Está presente na infecção do papilomavírus humano (HPV), sobretudo quando há coinfecção pelo vírus HIV. A radioterapia é pouco descrita na literatura, havendo apenas um relato publicado no Brasil, mas se torna uma opção em situações de recidivas com aumento da extensão (tumor de Buschke-Löewenstein) e em casos de difícil ressecabilidade, e pode, em alguns casos, promover a resolução completa da doença e preservar a função esfincteriana.

Comentários Finais A radioterapia, apesar do pequeno número de casos relatados na literatura, é uma modalidade que apresentou resolutividade em curto espaço de tempo no tratamento de condiloma acuminado extenso e recidivante, principalmente em pacientes nos quais a preservação da função esfincteriana é necessária. Ensaios clínicos, apesar de ainda inexistentes para essa modalidade de tratamento, são necessários para avaliar a sua eficácia nessa doença e evitar procedimentos possivelmente mutilantes.

 

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Article published online:
27 February 2024