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DOI: 10.1055/s-0045-1809546
Avaliação psicológica em cirurgia plástica pós-bariátrica: Uma revisão de escopo
Article in several languages: português | EnglishFonte de Financiamento
Os autores declaram que não receberam financiamento para este estudo.
Ensaio Clínico
Não.
Resumo
Introdução
A obesidade pode acarretar consequências físicas, psicológicas e sociais. A cirurgia bariátrica tem o potencial de melhorar a condição biopsicossocial do paciente. No entanto, o excesso de pele após uma perda de peso rápida e significativa pode causar sofrimento psicológico. A cirurgia plástica, como o único procedimento capaz de remover o excesso de pele, tem o potencial de aperfeiçoar a autoimagem. Além disso, ela pode incentivar o controle do peso.
Objetivo
Este estudo investigou, por meio de uma revisão de escopo, se a avaliação psicológica básica, realizada durante a triagem pelo cirurgião plástico, é capaz de identificar o sofrimento psicológico em pacientes que desejam se submeter à cirurgia plástica após a bariátrica.
Método
Foi realizado um levantamento bibliográfico, abrangendo artigos publicados entre 2013 e 2023, nos idiomas português, inglês e espanhol, nas Bases de dados MEDLINE, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Embase.
Resultados
Na estratégia de busca, 48 artigos atenderam os critérios de inclusão e 18 artigos foram mencionados neste estudo.
Conclusão
A avaliação psicológica realizada na triagem do cirurgião plástico permite identificar o sofrimento decorrente do excesso de pele pós-cirurgia bariátrica e o sofrimento psicológico prévio. Facilitando a decisão médica sobre encaminhar ou não o paciente para avaliação psicológica especializada. Essa abordagem amplia a compreensão do paciente sobre a relação entre corpo e mente.
Palavras-chave
cirurgia bariátrica - cirurgia plástica - contorno corporal - funcionamento psicossocial - imagem corporal - transtornos mentaisIntrodução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a obesidade como uma Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) de alta complexidade e é considerada um desafio do século XXI com repercussão global. Segundo o Atlas da Situação Alimentar e Nutricional no Brasil, publicado pelo Ministério da Saúde em 2020, uma pesquisa envolvendo 12.776.938 adultos revelou que 63% deles apresentam excesso de peso. A obesidade tem condição multifatorial, apresenta um risco significativo devido às suas comorbidades e aos impactos psicossociais que se agravam com o aumento do peso. O estigma social é um fator adicional que prejudica a condição da pessoa obesa.[1] Os transtornos psicológicos, tais como depressão, ansiedade, compulsão alimentar, baixa autoestima e insatisfação com a imagem corporal, têm sido frequentemente associados à obesidade.[2] [3] A importância de uma equipe multidisciplinar no tratamento da obesidade é destacada por alguns estudos, uma vez que, além de promover a saúde, esses profissionais atuam como um suporte para o paciente.[4] [5]
Alguns autores concordam que a cirurgia bariátrica é um recurso eficaz e mais realizado em todo o mundo para tratar a obesidade mórbida, e seu resultado pode promover bem-estar psicológico.[6] No entanto, a perda rápida e significativa de peso pode resultar no aparecimento de excesso de pele, causando feridas e mau odor nas dobras cutâneas. Essa condição pode ser desconfortável e afetar tanto a saúde física quanto a autoestima. Além disso, as mudanças ocorridas na vida da pessoa como consequência da cirurgia e a dificuldade de adaptação entre a percepção do próprio corpo magro e a autoimagem podem levar a problemas psicológicos.[7]
A cirurgia plástica, sendo o único procedimento que consegue remover o excesso de pele resultante de uma grande perda de peso, tem o potencial de otimizar os resultados da cirurgia bariátrica. Esta, por sua vez, incentiva o controle do peso e contribui para a melhoria da autoestima e do bem-estar psicológico das pessoas.[8] No entanto, pacientes com sofrimento psicológico podem expressar insatisfação com o resultado da cirurgia plástica, mesmo quando o objetivo inicialmente planejado foi alcançado. Pacientes com Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) que se submetem a cirurgia plástica podem vivenciar um agravamento de sua condição psicológica, o que pode comprometer a satisfação com os resultados obtidos.[9]
Este estudo visa alertar e conscientizar os cirurgiões plásticos, cirurgiões bariátricos e a equipe interdisciplinar sobre a relevância da abordagem biopsicossocial no cuidado pré-operatório de pacientes que desejam se submeter à cirurgia plástica após a bariátrica. Durante a fase de triagem realizada pelo cirurgião plástico, a avaliação psicológica desempenha dois papéis importantes. Em primeiro lugar, permite explorar os desejos, expectativas, ansiedades e fantasias do paciente. Em segundo lugar, o processo de avaliação, aliado ao feedback cuidadoso e transparente do médico, quando o paciente apresenta sinais de sofrimento psicológico, auxilia o paciente a reconhecer a necessidade e a importância de uma investigação psicológica mais aprofundada, conduzida por especialistas. Essa abordagem inicial visa compreender o contexto emocional e psicológico da pessoa, promovendo a saúde mental do paciente.
Objetivo
O presente estudo, por meio de revisão de escopo, objetivou determinar se a avaliação psicológica básica, conduzida durante a triagem do cirurgião plástico, pode identificar o sofrimento psicológico em pacientes que buscam a cirurgia plástica pós-bariátrica
Método
O presente estudo é uma revisão de escopo e integra o projeto intitulado “Protocolo de Atenção Biopsicossocial em Cirurgia Plástica Pós-bariátrica.” Esse projeto foi conduzido no decorrer do curso de Mestrado Profissional em Ciências, Tecnologia e Gestão Aplicadas à Regeneração Tecidual da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Unifesp, com o número do parecer 5825924. O comprovante correspondente é o 097949/2022, e o Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) possui o n° 62914222.2.0000.5505.
Inicialmente, foi formulada a seguinte pergunta de pesquisa utilizando o acrônimo PICO: A atenção biopsicossocial para o paciente pré-operatório de cirurgia plástica pós-bariátrica pode identificar sofrimento psicológico relacionado ao excesso de pele? Segmentado em P = Paciente pré-operatório de cirurgia plástica pós-bariátrica, I = Atenção biopsicossocial, C = Não se aplica, O = Identificação de sofrimento psicológico relacionado ao excesso de pele. Em seguida foi aplicado o acrônimo FINER para avaliar se a pergunta foi bem formulada. Foram pesquisados artigos publicados entre 2013 e 2023, nos idiomas português, inglês e espanhol, nas plataformas de base de dados: Medline, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Embase, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DECS/MeSH): psychosocial functioning, plastic surgery, bariatric surgery e body image. A estratégia de busca utilizada foi: [(“psychosocial functioning” OR “bariatric surgery”) AND (“plastic surgery” OR body image)]. Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram pesquisas com adultos de ambos os sexos e com pacientes de cirurgia bariátrica e cirurgia plástica pós-bariátrica. Os critérios de não inclusão foram estudos com adolescentes, comentários de especialistas, pôsteres, teses e artigos incompletos. Os critérios de exclusão foram artigos duplicados e estudos de cirurgias plástica e bariátrica sem enfoque no contexto psicológico. Para gerenciar as referências do levantamento bibliográfico, incluindo a identificação de duplicatas e aplicação dos critérios de elegibilidade foram utilizadas as plataformas Rayyan.ai e Zotero.org.
Resultados
O levantamento bibliográfico conduzido recuperou um total de 362 estudos. Dentre estes, 48 foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão estabelecidos, tal como ilustrado no fluxograma da [Figura 1].


Destes artigos selecionados, 18 foram citados e discutidos nesta revisão de escopo, conforme destacados no [Quadro 1].
N° |
Título |
Autor |
Ano |
---|---|---|---|
1 |
Gender difference in requesting abdominoplasty, after bariatric surgery: Based on five years of experience in two centers in Sulaimani Governorate |
Ahmed HO, Arif SH, Abdulhakim SA, Kakarash A, Ali Omer MA, Nuri AM. |
2018 |
2 |
Eating attitudes, perceptions of body image and patient quality of life before and after bariatric surgery |
Akkayaoğlu H, Çelik S. |
2020 |
3 |
Beyond body size: focusing on body functionality to improve body image among women who have undergone bariatric surgery |
Alleva JM, Atkinson MJ, Vermeulen W, Monpellier VM, Martijn C. |
2023 |
4 |
Patient-reported satisfaction following post-bariatric surgery: a systematic review |
Barone M, Cogliandro A, Salzillo R, Tambone V, Persichetti P. |
2018 |
5 |
Body image concerns and associated impairment among adults seeking body contouring following bariatric surgery |
Bennett BL, Grilo CM, Alperovich M, Ivezaj V. |
2022 |
6 |
Insatisfação com a imagem corporal em indivíduos com obesidade que procuram cirurgia bariátrica: explorando a carga de novos fatores mediadores. |
Bianciardi, Emanuela; Di Lorenzo, Giorgio; Niolu, Cinzia; Betro, Sophia; Zerbin, Francesca; Gentileschi, Paulo; Siracusano, Alberto. |
2019 |
7 |
Transtorno dismórfico corporal: revisão da literatura |
Bonfim GW, Nascimento IPC, Borges NB. |
2016 |
8 |
Comparing bariatric surgery patients who desire, have undergone, or have no desire for body contouring surgery: a 5-year prospective study of body image and mental health |
Buer L, Kvalem IL, Bårdstu S, Mala T. |
2022 |
9 |
Atuação da equipe interdisciplinar no pós-operatório de cirurgia bariátrica: uma revisão sistemática |
Campos KK, Guckert SB, Gonçalves LF, Paiva KM, Stefani FM, Haas P. |
2022 |
10 |
Comorbidade entre depressão, ansiedade e obesidade e complicações no tratamento |
Casselli DN, Silva ESM, Figueira GM, Demarch ME, Souza JC. |
2021 |
11 |
Avaliação de imagem corporal em obesos no contexto cirúrgico de redução de peso: revisão sistemática |
Castro, Thiago Gomes de; Pinhatti, Marcelle Matiazo; Rodrigues, Rodrigo Machado. |
2017 |
12 |
Funcionamento interpessoal e insatisfação com a imagem corporal em pacientes encaminhados para cirurgia estética no SNS: um papel mediador entre a regulação emocional e o perfeccionismo? |
Couper, SL; Moulton, SJ; Hogg, FJ. |
2021 |
13 |
Representações sociais do sobrepeso e da obesidade: revisão sistemática |
Couss A. |
2021 |
14 |
Um nuevo instrumento de evaluación de resultados desde la perspectiva del paciente en cirugía del contorno corporal estética y post bariátrica |
Danilla E, S., Cuevas T, P., Domínguez C, C., Jara C, R., Ríos V, M., Calderón G, M., Sepúlveda P, S. |
2015 |
15 |
Body contouring surgery improves weight loss after bariatric surgery: a systematic review and meta-analysis |
ElAbd R, Samargandi OA, AlGhanim K, Alhamad S, Almazeedi S, Williams J. |
2021 |
16 |
Quality of life and complications in the morbidly obese patient following post-bariatric body contouring |
Elfanagely O, Othman S, Mellia JA, Messa CA, Fischer JP. |
2021 |
17 |
Tornando-se ex-obeso: narrações sobre mudanças de identidade antes e depois da experiência da cirurgia bariátrica |
Faccio, E., Nardin, A. e Cipolletta, S. |
2016 |
18 |
O psicólogo com o bisturi na mão: um estudo antropológico da cirurgia plástica |
Feriani D. |
2014 |
19 |
Aplicación del protocolo unificado para el tratamiento transdiagnóstico de los trastornos emocionales en pacientes post-cirugía bariátrica: estudio de efectividad y viabilidad en formato grupal |
Ferreres-Galán V, Quilez-Orden AB, Osma J. |
2022 |
20 |
Psychological distress among bariatric surgery candidates: the roles of body image and emotional eating |
Geller S, Levy S, Goldzweig G, Hamdan S, Manor A, Dahan S. |
2019 |
21 |
Quality of life among adults following bariatric and body contouring surgery: a systematic review |
Gilmartin J, Bath-Hextall F, Maclean J, Stanton W, Soldin M. |
2016 |
22 |
Desaparecimento e novo desaparecimento: conviver com excesso de pele e alterações intestinais após cirurgia para perda de peso |
Groven, KS, Råheim, M. e Engelsrud, G. |
2013 |
23 |
Contorno corporal pós-bariátrico |
Herman, CK, Hoschander, AS e Wong, A. |
2015 |
24 |
The complexity of body image following bariatric surgery: a systematic review of the literature: Bariatric surgery and body image. Obesity reviews |
Ivezaj V, Grilo CM. |
2018 |
25 |
A systematic review of body contouring surgery in post-bariatric patients to determine its prevalence, effects on quality of life, desire, and barriers |
Jiang Z, Zhang G, Huang J, Shen C, Cai Z, Yin X. |
2021 |
26 |
Psychological aspects of bariatric surgery as a treatment for obesity |
Jumbe S, Hamlet C, Meyrick J. |
2017 |
27 |
Avaliando resultados no contorno corporal |
Klassen, AF, Cano, SJ, Scott, A., Tsangaris, E., & Pusic, AL. |
2014 |
28 |
The impact of bariatric surgery on psychological health |
Kubik JF, Gill RS, Laffin M, Karmali S. |
2013 |
29 |
A longitudinal analysis of variation in psychological well-being and body image in patients before and after bariatric surgery |
deMeireles AJ, Carlin AM, Bonham AJ, Cassidy R, Ross R, Stricklen A. |
2020 |
30 |
Body image dissatisfaction and depression in postbariatric patients is associated with less weight loss and a desire for body contouring surgery |
Monpellier VM, Antoniou EE, Mulkens S, Janssen IMC, Van Der Molen ABM, Jansen ATM. |
2018 |
31 |
Body contouring surgery after massive weight loss: excess skin, body satisfaction, and qualification for reimbursement in a Dutch post–bariatric surgery population |
Monpellier VM, Antoniou EE, Mulkens S, Janssen IMC, Jansen ATM, Mink Van Der Molen AB. |
2019 |
32 |
Preoperative evaluation of the body contouring patient |
Naghshineh N, Rubin JP. |
2014 |
33 |
Space perception, movement, and insight: attuning to the space of everyday life after major weight loss |
Natvik E, Groven KS, Råheim M, Gjengedal E, Gallagher S. |
2019 |
34 |
The long-term effect of body contouring procedures on the quality of life in morbidly obese patients after bariatric surgery |
Paul MA, Opyrchał J, Knakiewicz M, Jaremków P, Duda-Barcik Ł, Ibrahim AMS. |
2020 |
35 |
Depressive disorders in patients who seek cosmetic surgery: a broad and updated view |
Paula PRD, Freitas-Júnior R, Prado M, Neves CGL, Arruda FCFD, Vargas VEB |
2016 |
36 |
Psychological and psychiatric traits in post-bariatric patients asking for body-contouring surgery |
Pavan C, Marini M, De Antoni E, Scarpa C, Brambullo T, Bassetto F. |
2017 |
37 |
Patient-reported outcome measures |
Poulsen L, McEvenue G, Klassen A, Hoogbergen M, Sorensen JA, Pusic A. |
2019 |
38 |
Evolution of the body image perception of people with obesity on the pathway from bariatric surgery to body contouring lift surgery |
Proczko M, Postrożny D, Szymański M, Pouwels S, Major P, Stepaniak P. |
2022 |
39 |
Quality of life and predictive factors for complications in patients undergoing abdominoplasty after gastric bypass: a retrospective cohort. Surgery for obesity and related diseases |
Rosa SC, Macedo JLSD, Canedo LR, Casulari LA. |
2019 |
40 |
Anthropometric and clinical profiles of post-bariatric patients submitted to procedures in plastic surgery |
Rosa SC, Macedo JLSD, Casulari LA, Canedo LR, Marques JVA. |
2018 |
41 |
Body image and body contouring procedures |
Sarwer DB, Polonsky HM. |
2016 |
42 |
Access to reconstructive plastic surgery for patients undergoing bariatric surgery in the unified health system |
Secanho Ms, Cintra Jr W, Carneiro Ic, Alves Gff, Gemperli R. |
2023 |
43 |
O corpo (im)possível através da intervenção cirúrgica: uma revisão sobre imagem corporal, obesidade e cirurgia bariátrica |
Schakarowski FB, de Oliveira VZ. |
2014 |
44 |
Strategies for early detection of psychopathologies in candidates for post-bariatric plastic surgery |
Silva DNE, Rosseto M, Vargas KFM, Rezende AABM, Balbino EG, Andrade TRD. |
2020 |
45 |
Educação em saúde em grupo no tratamento de obesos grau III: um desafio para os profissionais de saúde |
Soeiro RL, Valente GSC, Cortez EA, Mesquita LM, Xavier SCDM, Lobo BMIDS. |
2019 |
46 |
Does body contouring after bariatric weight loss enhance quality of life? a systematic review of QOL studies |
Toma T, Harling L, Athanasiou T, Darzi A, Ashrafian H. |
2018 |
47 |
Mais do que apenas peso corporal: o papel da imagem corporal no funcionamento psicológico e físico |
Wilson, RE, Latner, JD e Hayashi, K. |
2013 |
48 |
Preditores psicológicos de saúde mental e qualidade de vida relacionada à saúde após cirurgia bariátrica: uma revisão de pesquisas recentes |
Wimmelmann, CL, Dela, F., & Mortensen, EL. |
2014 |
Discussão
A jornada de tratamento da obesidade é complexa e, ao longo deste processo, a pessoa pode enfrentar comorbidades clínicas, estigmas sociais e autojulgamento negativo, que podem afetar seu estado psicológico. Embora a literatura sugira uma correlação entre obesidade e transtornos psiquiátricos, as pesquisas não estabelecem uma conexão direta entre obesidade, depressão e ansiedade. Considerando a controvérsia, Casselli et al.[3] ressaltam que o que se pode inferir é que a presença desses transtornos pode potencialmente elevar o risco de obesidade.
À medida que a obesidade se torna uma preocupação crescente de saúde pública, a cirurgia bariátrica ganha destaque em escala global. Este procedimento proporciona benefícios que ultrapassam o âmbito clínico, englobando avanços psicossociais expressivos, aprimoramento do bem-estar e uma visão mais positiva da imagem corporal. No entanto, Meirelles et al.[6] destacam uma preocupação relacionada à cirurgia bariátrica e à saúde mental, algumas avaliações psicológicas no pré-operatório podem ser incipientes. O que significa dizer que a avaliação psicológica é um processo complexo que emprega uma variedade de técnicas, métodos e instrumentos para coletar informações sobre o estado psicológico de uma pessoa. Porém, se o psicólogo não coletar dados suficientes ou não aplicar as técnicas apropriadas, a profundidade e a eficácia da avaliação podem ser comprometidas. Um aspecto importante a ser considerado é que alguns pacientes não seguem a recomendação de continuidade da psicoterapia após o procedimento, conforme orientado pelo psicólogo responsável pelo laudo psicológico ou mesmo pelo cirurgião bariátrico. Além do processo de adaptação à cirurgia bariátrica, a interrupção do acompanhamento psicológico pode agravar o estado mental do paciente.
Apesar de seus muitos benefícios, alguns estudos, como os de Poulsen et al.[10] e Natvick et al.[7] ressaltam que os resultados da cirurgia bariátrica leva a uma perda de peso expressiva que pode resultar em uma adaptação insatisfatória ao novo corpo mais esbelto e desconforto devido ao excesso de pele. Monpellier et al.[11] enfatizam que a cirurgia plástica é o procedimento capaz de remover o excesso de pele após perda maciça de peso e que pacientes que procuram soluções para este problema podem apresentar sofrimento psicológico. Segundo Silva et al.,[9] pesquisas têm indicado que 60% das pessoas que buscam cirurgia plástica após a cirurgia bariátrica apresentam alguma condição psicológica. Entre as alterações mais comuns nesse grupo, destacam-se a depressão, o transtorno ansioso generalizado e o transtorno dismórfico corporal.
Considerando os desafios enfrentados no tratamento da obesidade, bem como as consequências e o processo de adaptação após a cirurgia bariátrica, somado ao desconforto causado pelo excesso de pele, pode haver momentos em que o paciente não esteja apto para se submeter a uma cirurgia plástica. Nesses casos, é essencial encaminhá-lo para avaliação ou tratamento especializado em saúde mental.
A avaliação psicológica pré-operatória deve ser um elemento fundamental na consulta inicial para os pacientes que procuram realizar uma cirurgia plástica. Silva et al.[9] e Ferreres-Galán et al.[12] ressaltam que a avaliação tem como objetivo a identificação de transtornos psicológicos, tais como depressão, ansiedade, impulsividade, compulsão alimentar, baixa autoestima e insatisfação com a imagem corporal. Faz-se necessário uma investigação atenta durante a triagem médica, pois alguns pacientes adotam uma postura atraente e sedutora, influenciando o curso da consulta e o desenvolvimento do plano cirúrgico. Pode acontecer alguns casos de o paciente dissimular suas queixas e minimizar suas expectativas para ter sua cirurgia aprovada. A avaliação psicológica pode prevenir prejuízos significativos no pós-operatório.
O cirurgião plástico deve estar preparado para conduzir uma triagem psicológica inicial no paciente. Para isso, ele pode utilizar instrumentos psicométricos validados e de ampla aplicabilidade para profissionais da saúde de várias áreas, além de entrevistas semiestruturadas. A habilidade de escuta atenta é importante para que o cirurgião possa identificar sinais de sofrimento que o paciente pode não ter expressado explicitamente. Se o médico identificar ou suspeitar de qualquer sinal de transtorno mental durante a consulta de admissão do paciente, a conduta recomendada é encaminhar o paciente para uma avaliação mais aprofundada com especialistas.
Na triagem psicológica, o cirurgião plástico pode investigar fatores que ajudam a compreender a motivação do paciente para a cirurgia plástica. Isso é importante, pois pode revelar possíveis problemas psicológicos, especialmente quando a motivação é predominantemente externa. A motivação pode ser dividida em fatores intrínsecos, como o desejo de saúde, bem-estar e retomada das atividades sociais e laborais, e fatores extrínsecos, como agradar aos outros ou obter benefícios sociais. Embora ambos os fatores sejam importantes, os intrínsecos, que estão ligados à saúde e qualidade de vida, devem ser mais significativos para o paciente.
Outro aspecto a ser explorado são as crenças sociais que frequentemente levam o paciente a buscar a perfeição corporal, alimentando a ideia de que um corpo esbelto resolve todos os problemas. Akkayaoglu & Celik[2] apontam que estudos sobre o conceito de ego têm se concentrado na imagem corporal, que representa o aspecto físico do ego. Essa relação entre o ego e autoimagem é importante para compreender como fatores psicológicos podem influenciar a saúde e o bem-estar das pessoas. Em alguns casos, a imagem corporal idealizada surge como uma forma de aliviar angústias e insatisfações. Complementando essa visão, Elfanagely et al.[13] e Bennett et al.[14] destacaram a importância de investigar as expectativas dos pacientes antes e depois da cirurgia, conscientizando-os sobre as mudanças gerais que podem ocorrer após a cirurgia. Nesse contexto, é relevante esclarecer ao paciente sobre o procedimento, estabelecer expectativas realistas para o período de recuperação e alertar sobre possíveis complicações, conforme Bianciardi et al.[15] Tais medidas podem contribuir de maneira significativa para a redução da ansiedade do paciente, além de potencializar a adesão ao tratamento e otimizar os resultados pós-operatórios. Afinal, um paciente bem-informado e preparado mentalmente torna-se um paciente mais ativo em seu próprio processo de recuperação. O suporte emocional para o paciente, tanto antes quanto após a cirurgia, também se mostra eficaz no manejo do estresse e da ansiedade associados ao procedimento. Além disso, a colaboração com outros profissionais de saúde, como psicólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, pode ser eficaz para abordar todas as preocupações do paciente. Outro aspecto importante a ser discutido com o paciente é a definição clara de suas metas e prioridades, além de enfatizar a substituição de pele flácida por cicatrizes. Essas informações podem auxiliar o paciente a estabelecer expectativas realistas e a se preparar de maneira mais eficaz para o processo de recuperação após a cirurgia. A triagem psicológica conduzida pelo cirurgião plástico pode auxiliar na identificação de pessoas com menor probabilidade de se beneficiar da cirurgia, bem como aqueles que podem precisar de atenção e orientação extra, conforme ressalta Buer et al.[16] Vale lembrar que pacientes com dismorfia corporal buscam regularmente procedimentos estéticos e, após a realização desses, tendem a se sentir insatisfeitos com os resultados. De acordo com Silva et al.,[9] em algumas circunstâncias o paciente pode desenvolver uma percepção distorcida do resultado da cirurgia devido a transtornos mentais. Isso, por sua vez, pode levar a ações judiciais contra o cirurgião plástico, mesmo quando a cirurgia atingiu o objetivo planejado e seguiu todos os critérios técnicos estabelecidos.
Contudo, este estudo demonstrou que o excesso de pele pós-bariátrica pode resultar em sofrimento psicológico. No entanto, é importante ressaltar que a jornada do paciente obeso até o procedimento de contorno corporal é permeada por inúmeros desafios, os quais, de certa forma, também podem levar a problemas de saúde mental.
Assim, a cirurgia plástica após a bariátrica pode auxiliar o paciente no controle do peso. Adicionalmente, a cirurgia tem o potencial de aprimorar a imagem corporal, o que pode, por sua vez, resgatar ou aumentar a autoestima e a confiança da pessoa. De acordo com Jiang et al.[17] assinalam que em suas pesquisas foi observada uma melhora significativa nesses aspectos nos pacientes que se submeteram à cirurgia plástica após a bariátrica, especialmente quando comparados àqueles que não realizaram o procedimento. Portanto, a investigação psicológica deve ser considerada relevante e não pode ser relegada a um segundo plano. Ignorá-la seria contraditório à compreensão de que a obesidade é uma doença com causas e impactos biopsicossociais. O tratamento adequado deve adotar uma abordagem interdisciplinar, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos psicológicos e sociais envolvidos. Essa perspectiva é respaldada por estudos, como o de Elabd et al.[18]
Esta revisão de escopo apresenta uma limitação: a ausência de avaliação da qualidade metodológica dos artigos selecionados.
Conclusão
A atenção à saúde mental em cirurgia plástica pós-bariátrica pode ser viabilizada por meio de uma seleção criteriosa de pacientes e um planejamento pré-operatório detalhado, que inclui a avaliação psicológica. Nesse contexto, a triagem psicológica na cirurgia plástica pós-bariátrica não elimina a possibilidade de o paciente se submeter ao procedimento. Pelo contrário, ela não apenas identifica o sofrimento psicológico para tratá-lo, mas também oferece suporte contínuo ao longo de todo o processo. Essa abordagem integral visa promover uma compreensão mais clara da relação entre corpo e mente, potencializando a apreciação dos resultados futuros da cirurgia. Portanto, além de possuir um conhecimento técnico clínico-cirúrgico abrangente, é importante que o cirurgião plástico tenha uma compreensão básica dos transtornos mentais para identificar prontamente quaisquer sinais ou sintomas desses transtornos em seus pacientes. Ao detectar qualquer indício, o cirurgião deve estar preparado para encaminhar o paciente para uma avaliação com um especialista em saúde mental.
Conflito de Interesses
Os autores não têm conflito de interesses a declarar.
Contribuição do autor
ACM: análise e/ou interpretação dos dados, análise estatística, conceitualização, concepção e desenho do estudo, metodologia, redação – preparação do original, redação – revisão e edição, visualização; DN: aprovação final do manuscrito, supervisão, validação; VYS: supervisão; SSS: coleta de dados; LMA: análise estatística.
-
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Endereço para correspondência
Publication History
Received: 24 March 2024
Accepted: 30 April 2024
Article published online:
15 July 2025
© 2025. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)
Thieme Revinter Publicações Ltda.
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